09/02/2023 - Operação “TRAP COIN” cumpre 28 mandados de busca e apreensão nos estados de Rondônia, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia e promove a indisponibilidade de bens de aproximadamente R$ 120 milhões.
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quinta-feira, 9, com o apoio da Receita Federal do Brasil, a Operação TRAP COIN, cujo objetivo é reprimir crimes financeiros e desarticular organização criminosa dedicada a fraudes milionárias envolvendo criptoativos, com base em Cacoal/RO.
Cerca de 80 policiais federais cumprem 28 mandados de busca e apreensão expedidos pela 3ª Vara Federal da Seção Judiciária de Rondônia, nas cidades de Porto Velho/RO, Cacoal/RO, Rolim de Moura/RO, Nova Brasilândia D’Oeste/RO, Artur Nogueira/SP, Campo Grande/MS, Juína/MT e Teixeira de Freitas/BA.
Além da busca e apreensão, a Justiça Federal de Rondônia determinou também a indisponibilidade de bens, entre veículos, imóveis, ações, ativos virtuais e outros ativos financeiros, de aproximadamente R$ 120 milhões, montante movimentado em criptomoedas pelo grupo criminoso.
As investigações começaram no final de 2021 após aportar na Delegacia de Polícia Federal em Ji-Paraná/RO relatos de que um dos investigados, posteriormente identificado como líder do grupo, então domiciliado em Cacoal/RO, estava, por si e por meio de empresas sob seu domínio, captando recursos de terceiros a pretexto de aplicações financeiras, calcado na oferta pública de contrato de investimento vinculado à especulação no mercado de criptomoedas, com a previsão de insustentável retorno sobre o capital investido (havia promessas iniciais de retorno garantido de 300% em 120 dias, ulteriormente modificado para 100% em 21 dias e/ou 33 dias).
Além da suposta rentabilidade do capital injetado pelas vítimas, havia um sistema progressivo de bonificação em casos de indicação de terceiros a também operarem criptoativos com a empresa, com oferecimento de percentual dos supostos ganhos dos terceiros e de itens e bens de luxo na medida em que ocorriam as indicações.
Houve, inclusive, a criação de um ativo virtual próprio e de uma corretora de ativos virtuais, unicamente com o propósito de expandir o esquema criminoso e angariar mais pessoas. O esquema fez inúmeras vítimas, as quais, após requererem os saques do capital investido e dos rendimentos que, embora hoje se saiba terem sido fictícios, acreditavam ter acumulado, recebiam dos investigados as mais diversas justificativas, atribuindo problemas a terceiros.
Dentre as justificativas dadas houve uma que mencionava suposto “bloqueio” em exchange de grande porte e em operação no Brasil, que, após oficiada, informou que o líder da organização e suas principais empresas não eram sequer usuários da plataforma. Os investigados responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de organização criminosa, instituição financeira clandestina, gestão fraudulenta e temerária, emissão ilegal de valores mobiliários sem registro prévio, sonegação fiscal e lavagem de capitais, cujas penas somadas podem chegar a 62 (sessenta e dois) anos de prisão em regime fechado.
O nome da operação (TRAP COIN) é uma referência a todo o estratagema montado pelos investigados, dentro do qual houve até a criação de uma criptomoeda, tudo para servir de armadilha para que terceiros caíssem no golpe e transferissem dinheiro e ativos virtuais aos criminosos
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